quarta-feira, 22 de maio de 2013

ARTICULAÇÃO: Para uma vida mais clara e saudável






       Quantos de nós já fomos abordados ao telefone por alguém que não entendemos o que diz? A fala é sem tônus, sem volume.... além disso... ENROLADA.
 
        Nesta semana encontrei um recado na caixa postal do meu celular: "- Sr. Roberto, aqui quem fala é  xxxxxx  do Xxxxxx. Favor entrar em contato no número Xxx-xxxxx". Claro que não consegui retornar a ligação.
 
        Ou então, no sistema de auto-falante de um hospital: " - Atenção Dr. Xxxxxxx... Compareça urgente no setor Xxxxxxx".
 
       E em alguma loja ou estabelecimento comercial em local mais ruidoso? Quem nunca passou pelo constrangimento de não compreender o que o vendedor diz?
 
       Sempre que vamos nos comunicar - quer seja na fala cotidiana ou profissional, quer seja em uma performance musical através do canto - precisamos ficar artentos à uma questão fundamental na voz: A ARTICULAÇÃO. Articular na fala e no canto significa, entre outras coisas, deixar os sons mais claros e limpos, eliminando qualquer dúvida em relação à sonoridade de palavras ou nomes. Deixar claro que o nome que se quer chamar é  PAULO, e não SAULO ou MAURO, por exemplo.
 
       Vivemos em uma sociedade em que tudo acontece muito rápido e tudo é muito amplificado - nos aparelhos de som em casa ou na balada, nas palestras e aulas com sistemas de amplificação muito altos... E a voz humana está em um processo inverso: cada vez menos solicitada, cada vez com menos som, porém cada vez muito rápida.. e consequentemente menos compreensivel. A menos que se tenha uma vivência ou trabalho vocal, o homem moderno fala cada vez mais baixo e mais 'enrolado'. Passamos por uma geração "danoninho com hamburger" em que crianças não eram estimuladas a mastigar produtos um pouco mais sólidos - como frutas, legumes crus, etc - resultando em uma legião de pessoas com dificuldade de serem compreendidas pelo fato de não trabalharem naturalmente (como faziam nossos avós) os músculos da boca e rosto necessários para uma articulação satisfatória. Além disso, não somos mais estimulados a falar corretamente no dia-a-dia, com sonoridade e texto claros e limpos, como antigamente.
 
       Uma boa articulação se deve a alguns aspectos que vão desde uma habilidade natural da fala até exercícios vocais que auxiliam na melhor compreensão do texto, pois quando articulamos na fala ou no canto utilizamos uma série de musculos que podem ser trabalhados - tonificados ou relaxados - dependendo do caso. Além disso, a DISPONIBILIDADE e VONTADE de querer ser ouvido e compreendido faz com que melhoremos a cada frase dita ou cantada.
 










segunda-feira, 6 de maio de 2013

Canto coral, melhorando a qualidade de vida I



Os benefícios do canto coral

para a saúde do corpo e mente


(matéria publicada em 20/06/2012)
 

A música está sempre presente em todos os momentos da vida. E mais do que embalar doces lembranças, ela é capaz de trazer muitos benefícios para o corpo e a mente. Já está mais do que provado que a música reage de forma positiva no cérebro, e tocar instrumentos, fortalece e melhora a coordenação motora. Além disso, a música diminui o estresse e reforça o sistema imunológico, reduzindo os sentimentos de ansiedade, solidão, e depressão, males que atingem a sociedade moderna, principalmente os idosos. Os Benefícios resultantes da mistura de inserção social e música, são muito comuns de serem encontradas no estilo canto coral, pois a música é capaz de trazer a leveza para as adversidades do dia a dia. Outro detalhe muito importante, é que através dos exercícios vocais, muitas pessoas conseguem diminuir ou até mesmo abandonar o uso do fumo, álcool, e drogas. Agentes, que prejudicam os pulmões e os reflexos auditivos e visuais.

“O canto coral surgiu no Brasil ainda no período colonial, sob a influência da corte europeia. Na época os cânticos para as missas nas igrejas, já eram inspirados em músicas elaboradas para grupos vocais das congregações existentes”, nos ensina Vito Nunziante Jr, Responsável pelo coral Cantar para Viver. Os corais são sinônimos de democracia, uma vez que todos se ajudam. Muito além de sua beleza, é um trabalho comunitário que traz benefícios para os integrantes, para as empresas que os organizam, e para a saúde de cada um. Prova viva disso é a Maria José Sanches,57, que depois de muitos anos de tentativa, conseguiu abandonar o cigarro, em troca de sua participação no Coral Cantar Para Viver

“A vontade de cantar, e o incentivo do Maestro Vito ajudou bastante. Sempre que falava de cigarro ele dizia para trocá-lo por um canto, e foi até que um dia abandonei de vez. Hoje tenho mais ar nos pulmões para conseguir sustentar  algumas notas mais longas”, conta Maria, que faz questão de declarar sua gratidão à música: “O coral hoje na minha vida, significa uma válvula de escape para vários problemas, minha saúde melhorou, hoje consigo viver mais tranquila, pois a música mexe não só com o corpo, mas também com a mente, e porque não dizer com a alma?”

Outro ponto muito positivo é fato de não haver destaques individuais nos corais. Todo o trabalho é feito em conjunto, trazendo bons momentos de confraternização e alegria. Os grupos estão abertos para todas as pessoas que querem fazer da música uma terapia, ou uma carreira. Hoje, é composto em sua maioria por senhoras com mais de 60 anos. 

“Houve relatos de pessoas que tiveram problemas de depressão, que eram fumantes e que foram curados em nossos encontros. O Coral é de certa forma, uma excelente terapia musical”, Explica o maestro Vito, que há 21 anos no mercado, trabalha com  quatro corais, divididos entre as Zonas Norte e Sul do Rio de Janeiro. O coral do maestro Vito acontece todas as quarta-feiras, a partir das 09h30, na Casa de Cultura Espaço de Artes de A a Z, na Tijuca.
 
 
 

quarta-feira, 17 de abril de 2013

"Que no peito dos desafinados também bate um coração..."



 
 
 
 
  
 

Para os músicos a escuta e a percepção musical entram pelo âmbito da técnica, da habilidade de distinguir e corrigir as afinações, sempre que possível, e que correspondem às comparações entre frequências. Tentando traduzir do 'musiquês', é ter a habilidade para comparar se a relação entre a produção sonora e sua frequência emitidas por um instrumento ou voz estão compatíveis a uma outra referência sonora. No universo do canto, em especial do canto coral sempre ouvimos as seguintes afirmações: "Fulano é desafinado...", "A afinação está baixa...", etc.
 
Se você disser que eu desafino amor
Saiba que isto em mim provoca imensa dor
Só privilegiados têm o ouvido igual ao seu
Eu possuo apenas o que Deus me deu*

Daí vem uma questão: AFINADO em relação a quem? Ou a quê?

Se você insiste em classificar
Meu comportamento de anti-musical*

 
CALMA!!! Antes que eu passe por maluco ou inconseqüente, vamos refletir um pouco sobre o que é afinação. Em geral, quando pensamos no verbo 'afinar', pensamos em algumas coisas. Uma delas diz respeito a afinizar-se: " Eu me afino com Fulano...". Outra situação que podemos pensar é quando deixamos algo mais preciso, como afinar a ponta de um lápis, por exemplo. Numa pesquisa rápida, encontrei:

afinar
v.t. Tornar fino.
Metalurgia: Purificar.
Fig. Apurar: afinar a sensibilidade.
Música: Regular os sons de um instrumento pelo diapasão.
Harmonizar vários instrumentos ou vozes e instrumentos entre si.

Pois bem, podemos utilizar essas definições de várias maneiras e o significado mais imediato que relacionamos é o musical. Regular os sons a partir de um diapasão ou harmonizar vários instrumentos ou vozes entre si. Utilizamos para tal o diapasão, que é uma ferramenta indispensável para o músico e que serve de referência para estabelecermos um critério de afinação. Esse critério, porém, foi imposto por um grupo (ou vários) de músicos no passado, e é claro que teve sua função, do ponto de vista artístico e estético.
Mas... encontramos aqui e ali um ou outro  ser humano desprovido de uma habilidade vocal naturalmente desenvolvida e que possui muita dificuldade em relação à afinação e seu processo musical e estético, o chamado desafinado. 

Podemos listar alguns tipos de desafinados, sendo o mais popular aquele que não consegue emitir e/ou repetir uma mesma melodia proposta por outra pessoa. Existem também aqueles que são desafinados rítmicos, que não conseguem seguir um determinado ritmo ou não conseguem repetí-lo – são os ‘atravessadores’ de tempo numa roda de samba, por exemplo. 

Quando eu vou cantar, você não deixa
E sempre vêm a mesma queixa
Diz que eu desafino, que eu não sei cantar
Você é tão bonita, mas tua beleza também pode se enganar*

Afinal, por que algumas pessoas são desafinadas?
Salvo se existir alguma patologia motora ou vocal presente, existem algumas situações em que uma pessoa pode ser considerada desafinada.
A primeira delas e a mais comum ocorre quando o candidato a desafinado não tem uma história musical ou vocal anterior. São aquelas pessoas que nunca cantaram sistematicamente e/ou nunca tiveram uma vivência musical dirigida. Nesse caso, com uma orientação musical e vocal adequados, nosso desafinado passa a afinar.
Outra situação acontece quando a atenção e concentração não fazem parte da prática vocal ou musical de uma pessoa. A afinação é construída, e sem esses pré-requisitos (atenção e concentração) o trabalho fica prejudicado.
A terceira situação pode ocorrer quando uma pessoa é exageradamente tímida e sua voz não atinge as freqüências mais agudas, por exemplo. São pessoas que falam muito baixo e quando cantam, mal se escuta. Para esta situação, exercícios voltados à desinibição tendem a ajudar. 

O que você não sabe nem sequer pressente
É que os desafinados também têm um coração*
 

Outra situação muito comum acontece quando não sabemos exatamente o que cantar, quais os sons... eles são construídos mentalmente antes de emiti-los instrumentalmente ou vocalmente. Se conseguirmos reproduzir uma seqüência sonora ou melodia mentalmente, provavelmente estaremos construindo um padrão de afinação coerente.
Claro que a afinação está intimamente ligada à tradição de uma cultura e, se lembrarmos que povos ou comunidades que têm o hábito de cantar em geral pessoas vindas desses grupos tendem a  possuir uma afinação melhor desenvolvida.

De qualquer maneira, situações em que a afinação está comprometida estão diretamente ligadas à percepção auditiva, à escuta e a prática de ouvir. E para tal, necessitamos de atenção, disponibilidade e vontade para percebermos a desafinação e depois corrigi-la.

Criar um canal de comunicação entre o emissor e o receptor é condição sine qua non para se trabalhar a afinação. Se estivermos abertos para a escuta e disponíveis para as orientações, provavelmente criaremos um ambiente ideal para entrarmos neste universo ao mesmo tempo simples, mas que exige cuidados muito especiais.
 
Só não poderá falar assim do meu amor
Este é o maior que você pode encontrar
Você com a sua música esqueceu o principal
Que no peito dos desafinados
No fundo do peito bate calado
Que no peito dos desafinados também bate um coração*

 
*Trechos da música Desafinado de Tom Jobim
       
 
 
 

quarta-feira, 10 de abril de 2013

VOZ.... a questão é saber OUVIR.



         Existe uma preocupação muito grande em relação ao aperfeiçoamento das habilidades vocais, quer sejam cantadas ou mesmo voltadas para a fala. O fato de sermos bombardeados constantemente com programas de calouros, reality shows com seus condidatos a astros vocais (sem falar nos musicais norte-americanos que estão em moda nas grandes metrópoles brasileiras) faz com que a procura por escolas de música, cursos e professores de canto e grupos de teatro especializado em musicais venha ganhando cada vez mais alunos.  Escolas de teatro também oferecem cursos voltados para o desenvolvimento da voz no palco, e cursos de oratória e dicção (esses mais raros) também estão na mira de quem quer aperfeiçoar seu instrumento, a voz. Não podemos esquecer de forma alguma os profissionais que cuidam de nosso aparelho fonador, os otorrinolaringologistas e fonoaudiólogos. Todo esse cast de profissionais que fazem com que nossa voz ganhe força, projeção, beleza e expressividade trabalham - cada um com a sua especificidade - a questão da produção  vocal.
         Porém, existe uma questão muito importante e séria que faz toda a diferença nesse universo da sonorização da voz falada ou cantada: o ouvir. Ouvir em todos os sentidos... não somente escutar. Saber diferenciar as sílabas, as alturas, durações, timbres... saber ouvir e diferenciar as inúmeras possibilidades de produção sonora com a voz. Ouvir não significa simplesmente estar com nossa condição fisiológica saudável, estar com tudo em ordem, com os exames audiométricos em dia. Ouvir é estar aberto a todas as possibilidades sonoras e o significado delas. Estamos falando não só de melodias, canções... mas palavras. O que cada uma delas pode carregar no que se refere a sentimentos, intenções, ou ainda o que está subliminarmente inserido... Simplesmente pelo "Bom dia" de alguém quando falamos ao telefone, já percebemos se realmente está sendo um dia favorável ou somente um momento educado.
        Outra situação comum acontece principalmente nos centros urbanos... um caos sonoro envolvendo ruídos dos mais diversos - tráfego intenso, toda sorte de sons mecânicos - interferindo na nossa saúde auditiva e vocal. Somos obrigados a falar muito mais alto na rua, chegando até a gritarmos na tentativa de estabelecermos alguma comunicação. O fato é que nos acostumamos com sons com volume cada vez mais altos e isso se reflete no nosso dia-a-dia. Tendemos a aumentar o volume de nossos aparelhos sonoros... TVs, rádios, aparelhos de som estão cada vez mais sonoros - pra não dizer barulhentos. As festas e baladas tendem a ter um volume de som que chega a nos agredir fisicamente. Questões judiciais envolvendo excesso de barulho entre vizinhos e na vizinhança são cada vez mais comuns... Diante desse emaranhado sonoro, não temos outra situação senão tentarmos conviver com tudo isso, uma vez que não temos "pálpebras auditivas" como preconiza o compositor canadense Murray Schafer em seu livro O ouvido pensante. Infelizmente convivemos com essa realidade e não temos saída, mesmo sabendo que grande parte da população urbana já tem uma considerável perda auditiva, além de dores de cabeça e mau-humores constantes.
        Diante dessa situação caótica, notamos que a questão da escuta também está comprometida... e é a escuta no sentido mais completo. Por uma questão de preservação ou algo que o valha, tendemos a escutarmos mas não compreendermos  o que nos é dito !!!!  Cada vez mais temos que dispender mais e mais energia para que possamos ser ouvidos e compreendidos. Basta observar a quantidade de mal-entedidos entre as pessoas no nosso dia-a-dia.  Enfim...
   
       Toda essa discussão nos leva a levantarmos algumas questões: Estamos atentos à nossa percepção auditiva no nosso dia-a-dia? Temos consciência do quanto nossa audição é importante para uma boa convivência e qualidade de vida? Será que compreendemos que para um bom resultado de trabalho vocal precisamos ter a percepção auditiva melhor estimulada?
 
      Nas próximas postagens vamos abordar melhor esse assunto. Até lá !
 
 
     
      
 
 
 
       


quarta-feira, 27 de março de 2013

(IM)POSSIBILIDADES VOCAIS


            Nosso meio de comunicação mais imediato e o primeiro a ser aprendido e utilizado, como todos sabemos, é a voz. Ela nos apresenta ao mundo e manifesta nossos desejos fisiológicos - como no choro de um bebê quando sente fome, frio ou dor - e nossos desejos emocionais, na forma de idéias e pensamentos. Dependemos desse meio eficiente de comunicação mais do que imaginamos e só percebemos isso quando ele nos falta. Parece óbvio, mas somente quando perdemos a voz por alguma razão, notamos o quanto ela é importante para nosso dia-a-dia. Ficar sem voz significa muito mais do que não conseguir emitir um som e pode representar também a impossibilidade de expressar idéias, manifestar nossos desejos e necessidades.
            Em geral, a perda da voz ou uma rouquidão temporária estão associadas a uma inflamação das cordas vocais que normalmente traz a sensação de garganta seca e dolorida. Quando uma rouquidão demora a passar e persiste durante várias semanas ou for algo crônico, poderá ser um sintoma de um problema mais grave. Neste caso, procure o mais rápido possível um médico.
Duas causas podem ser responsáveis pela rouquidão ou perda da voz. A primeira pode acontecer devido ao uso excessivo ou inadequado do aparelho fonador. Alguém que tem o hábito de gritar demais ou falar muito tempo sem um cuidado mínimo com a voz corre o risco de ter as cordas vocais inchadas e estas não conseguem mover normalmente. Uma segunda causa de rouquidão pode estar associada a infecções virais do sistema respiratório - gripes, constipações, etc. Uma vez infectada, a membrana da mucosa que cobre as cordas vocais ficam irritadas e inchadas.
Existe ainda uma outra causa, esta do ponto de vista emocional. Algumas pessoas podem apresentar rouquidão ou perda de voz momentâneas quando são colocadas em alguma situação limite e não estão aptas a enfrentá-la, como falar em público, por exemplo. São inúmeras as possibilidades e cada caso é único, não sendo possível uma fórmula mágica para resolver este ou aquele caso.
O mais importante é ficar atento aos sinais do corpo, neste caso, a voz. Qualquer sintoma persistente, procure um especialista.
 

quarta-feira, 13 de março de 2013

ENCONTROS




Encontro de Corais



          

     Toda prática em grupo envolve uma série de procedimentos que são fundamentais para o bom andamento dos ensaios e possíveis apresentações. Tentarei colocar aqui algumas dicas, truques e pequenas orientações para que um regente iniciante (ou professor na sala de aula) possa desenvolver seu trabalho.

Abraços a todos!